Pro Fabianês


       Por que com certeza vou esquecer de te levar o poeminha que escrevi quando tinha 14/15 (?) anos.

Verde Céu, Campo Azul

O cego contempla a paisagem.
O pássaro nada no copo d’água.
A menina sobe para baixo.
O menino entra para fora.
O fogo é frio.
O gelo é quente.
A vida é bela.
Deus é justo.
...E eu sou apenas um daltônico.

        Para quem passou despercebido, ou para quem percebeu tem um erro fatal no poema, quando eu tinha 14 anos eu entendia que daltônicos confundiam verde e azul, mas na verdade eles confundem verde e vermelho, mesmo eu tendo aprendido isso é uma das poucas coisas que escrevi no passado que ainda gosto, por dois motivos pela intenção em si e por registrar minha ignorância, acredito que neste exato momento deve ter inúmeras coisas que eu tomo como verdade e estão erradas espero que eu tenha a mesma ventura que tive neste caso de descobrir meu erro e no futuro descobrir os meus erros de agora...^^

No centro do meu universo: eu


            Antes de você pensar “o que diabos eu acabei de ler”, esta é uma fala do filme Não Estou Lá, uma das falas do ator Heath Ledger que interpreta um entre os inúmeros Bob Dylan’s do filme. Mas a verdade é que não estou imune a frase, há pouco tempo li o texto Isto é Água do David Foster Wallace, que recomendo, ele é um pouco longo, mas termina rápido, faz parte daquele fenômeno leitura boa acaba rápido, e ele trata exatamente sobre este assunto, de como é praticamente inevitável e natural que nos vejamos como centro do universo e que os nossos problemas pequenos ou grandes são sempre mais urgentes que os dos outros.
          Nós vemos o universo a nossa volta sempre em primeira pessoa, ou o universo está a sua frente, ou nas tuas costas, ou na sua esquerda, ou a sua direita, você não conhece outro jeito ou outro ângulo, então não importa que “aparato” de ciências humanas se tenha consumido, ou até onde as ciências humanas tenham ido, é muito difícil descentralizar este universo.
          E será mesmo que é possível? Cito o saudoso-coisinha-fofa Carlos Drummond de Andrade (desculpe não pude evitar, eu amo este cara...).

Mundo Grande

“Tu sabes como é grande o mundo
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
As diferentes dores dos homens,
Sabes como é fácil sofrer tudo isso?
...Amontoar tudo isso num só peito de homem...
Sem que ele estale?”

               O meu ponto com isso é dizer que na verdade não sei se é possível, acredito que este universo centralizado no eu, mesmo que você se importe com as pessoas que ama e/ou pessoas carentes, com maus tratos aos animais, etc... Mesmo assim o seu universo é centralizado no eu não apenas por causa da sua visão ou seu cérebro, mas acredito ser um mecanismo de defesa por que se nós conseguíssemos ver e sentir melhor a dor do outro doeria demais viver neste mundo, tanto que o suicídio não se tornaria mais algo estúpido e covarde (se é que é algo estúpido e covarde – há controvérsias), também se pudéssemos descentralizar nosso universo e tentasse imaginar o universo em si, a sensação de insignificância seria muito maior do que já é. Eu mesma costumo brincar que até onde a minha imaginação vai para tentar remeter as palavras “universo infinito” a algo tangível é algo que comparado ao tamanho real, o universo da minha imaginação - se esforçando ao máximo - na verdade cabe no bolso da minha calça.
            De qualquer forma se de fato conseguimos ou não descentralizar nosso universo é indiferente, de fato devemos tentar cada vez mais lembrar que nossos problemas não são sempre os mais urgentes – Eu diria na maioria das vezes não são os mais urgentes – e a frase clichê “gentileza gera gentileza” é extremamente verdadeira se você tratar os outros com respeito e educação eles te trataram com respeito e educação por terem sido tratados assim por você e se você fizer uma gentileza a alguém com certeza quando surgir uma oportunidade este alguém irá te retribuir como agradecimento, mas haja post-it para lembrar isso todos os dias, mas definitivamente vale o esforço.

Does humor belong in music?


                Questão exposta pelo célebre Frank Zappa, e ele sabia muito bem a resposta para a pergunta. A musica tem essa incrível liberdade de tratar de qualquer assunto, usada inclusive como ferramenta para protesto, exposição de realidades sociais, conscientização e luta contra preconceitos, também há a contraponto o defasado tema amor, sendo presente nas musicas mais antigas às mais atuais.

            O humor quase sempre que se uniu a música o resultado foi o mesmo: genialidade. Alguns que facilmente vem à cabeça como Mamonas Assassinas, Rogério Skylab (que ironicamente afirma que suas letras não têm cunho humorístico), Chico Buarque, Tangos e Tragédias, Dead Kennedys, Turbo Negro, Mutantes, Super Grass, Vídeo Hits, entre outros. Aliás a Vídeo Hits na musica Sentido Anti-Horário faz algo incrível: eles satirizam o fato de se fazer tanta musica de amor tendo todos os temas a seu dispor exatamente fazendo um musica de amor. Não é de se admirar que o humor funcione tão bem na musica afinal o humor e a musica estão entre as pouquíssimas evidencias que a humanidade de fato é racional.

            Minha última descoberta na categoria musica + humor, ironicamente, é uma musica de amor, mas trazendo a tona uma imensa luz de originalidade se tornando muito mais que uma musica de amor e humor, se tornando uma das letras mais improváveis de ser escritas que já ouvi em minha vida. Estou falando da parceria entre Louis Armstrong e Ella Fitzgerald na musica Let’s Call the Whole Thing Off, onde encontraram uma maneira única de expressar a superação de diferenças em nome do amor.
           
           Agora é só aproveitar a boa música e se divertir. E você concorda que humor pertence a música? Qual a sua música inusitada preferida? 

            

Educação: A fina arte de ensinar a não pensar

         Professores com salários miseráveis apesar de exercer a profissão de maior importância para o desenvolvimento de uma sociedade, escolas estão sem estrutura, falta material didático, falta transporte escolar, passagens escolares com preços inacessíveis para famílias carentes, crianças aprendendo formula de Bhaskara sem ter nada no estomago... O cenário está pronto! Será que com estas condições conseguimos chegar a lugar algum? E por que esta é a realidade da educação no Brasil e em incontáveis países no mundo?


A resposta é simples... (ou não).

            O governo é composto por seres humanos, pessoas, e é uma doce ilusão achar que estes estão imparciais, que estes querem apenas melhorar as condições de vida do povo sem por um momento pensar em si mesmos, assim como se você, por exemplo, trabalhou/trabalha em uma rede de fast food não significa que você quer tornar o mundo um lugar melhor através de hamburguer, ataques cardíacos e obesidade mórbida, mas sim que quer você queira quer não as contas no final do mês sempre vem, incessantemente; se você não trabalha direito você leva um pé na bunda, com o político basicamente a lógica é a mesma coisa, o trabalho dele é colaborar com o desenvolvimento do país, mas caso ele não faça isso direito ou meta a mão no que não é dele (prática nada incomum aqui no Brasil infelizmente, mas vale sempre lembrar não somos nem um pouco pioneiros nisso...), nós, como diria meu amigo Tim Maia “eu e você, você e eu” somos os chefes, devemos cobrar trabalho, expulsar ele do cargo, e principalmente não reeleger ele nas próximas eleições.
            Voltando ao trilho do trem, educação, a educação no nosso país (assim como em outros) ela é voluntariamente precária por causa dos políticos, eles sabem muito bem que é mais fácil ludibriar através de falsas promessas, ou através de compra de votos com cestas básicas pessoas que não tiveram acesso a educação e vivem na miséria, elas colocam estes políticos no poder que ficam as suas custas recebendo salários absurdos e esquecem completamente delas, até a próxima eleição é claro, e o pior é que eles sabem que vão ser reeleitos.
            Há também a outra razão um pouco menos importante para os políticos que apenas pensam nos votos e nos bolsos cheios de dinheiro. A outra razão é matemática, ou triangular, há um numero X de vagas para garis, e um nº Y de vagas para médicos, ambas são de igual importância e essenciais para a vida em sociedade, mas não é assim que a situação é vendida, quem se esforçou e estudou pôde virar médico e quem não quis estudar trabalha como gari, e a verdade não é essa, a verdade é que o governo força o nº de pessoas disponíveis para as vagas X seja maior, mantendo um taxa de pobreza no país sempre, é uma lógica meio que em um país em que todos tem doutorado, além de que a conquista de votos iria ficar mais difícil, quem iria querer limpar as ruas e nos servir hambúrguer?
             E não é quem não quis estudar, não há igualdade no acesso ao ensino de qualidade, quem quer ser médico e não tem condições financeiras para isso tem que fazer um esforço triplicado em comparação a quem tem condições. Em algumas universidades publicas o vestibular é feito em quatro dias de prova e mais uma redação, enquanto em universidades particulares o vestibular às vezes é apenas uma redação.
            Para a alegria dos políticos uma frase que infelizmente ouvi algumas vezes na escola “política é um assunto chato”, a última coisa que os políticos querem que as escolas formem são pensadores e contestadores, só que mesmo que você não dê atenção para a política ela vai influenciar diretamente na sua vida, você não consegue emprego? O salário é ruim? A saúde pública é precária? Os programas de TV são uma merda? Tudo isso é meticulosamente feito para que você continue alienado, correndo para trabalhar cansativamente, para no final do mês sortear que contas vão ser pagas e para ficar com a cabeça cheia pensando preocupado como vai cuidar dos seus filhos, e para finalmente no pouco tempo livre ver programas que não te acrescentam nada e te mostram tudo aquilo que você não pode ter (e nem precisa), o que te leva a querer trabalhar mais e volta tudo ao inicio.
            A solução não é trabalhar mais, a solução é se unir e lutar pelo nosso direito a educação, não podemos deixar que os políticos nos façam de refém deste plano. E o que os políticos realmente temem você descobrir através da educação, é quem é que manda em quem.