No centro do meu universo: eu


            Antes de você pensar “o que diabos eu acabei de ler”, esta é uma fala do filme Não Estou Lá, uma das falas do ator Heath Ledger que interpreta um entre os inúmeros Bob Dylan’s do filme. Mas a verdade é que não estou imune a frase, há pouco tempo li o texto Isto é Água do David Foster Wallace, que recomendo, ele é um pouco longo, mas termina rápido, faz parte daquele fenômeno leitura boa acaba rápido, e ele trata exatamente sobre este assunto, de como é praticamente inevitável e natural que nos vejamos como centro do universo e que os nossos problemas pequenos ou grandes são sempre mais urgentes que os dos outros.
          Nós vemos o universo a nossa volta sempre em primeira pessoa, ou o universo está a sua frente, ou nas tuas costas, ou na sua esquerda, ou a sua direita, você não conhece outro jeito ou outro ângulo, então não importa que “aparato” de ciências humanas se tenha consumido, ou até onde as ciências humanas tenham ido, é muito difícil descentralizar este universo.
          E será mesmo que é possível? Cito o saudoso-coisinha-fofa Carlos Drummond de Andrade (desculpe não pude evitar, eu amo este cara...).

Mundo Grande

“Tu sabes como é grande o mundo
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
As diferentes dores dos homens,
Sabes como é fácil sofrer tudo isso?
...Amontoar tudo isso num só peito de homem...
Sem que ele estale?”

               O meu ponto com isso é dizer que na verdade não sei se é possível, acredito que este universo centralizado no eu, mesmo que você se importe com as pessoas que ama e/ou pessoas carentes, com maus tratos aos animais, etc... Mesmo assim o seu universo é centralizado no eu não apenas por causa da sua visão ou seu cérebro, mas acredito ser um mecanismo de defesa por que se nós conseguíssemos ver e sentir melhor a dor do outro doeria demais viver neste mundo, tanto que o suicídio não se tornaria mais algo estúpido e covarde (se é que é algo estúpido e covarde – há controvérsias), também se pudéssemos descentralizar nosso universo e tentasse imaginar o universo em si, a sensação de insignificância seria muito maior do que já é. Eu mesma costumo brincar que até onde a minha imaginação vai para tentar remeter as palavras “universo infinito” a algo tangível é algo que comparado ao tamanho real, o universo da minha imaginação - se esforçando ao máximo - na verdade cabe no bolso da minha calça.
            De qualquer forma se de fato conseguimos ou não descentralizar nosso universo é indiferente, de fato devemos tentar cada vez mais lembrar que nossos problemas não são sempre os mais urgentes – Eu diria na maioria das vezes não são os mais urgentes – e a frase clichê “gentileza gera gentileza” é extremamente verdadeira se você tratar os outros com respeito e educação eles te trataram com respeito e educação por terem sido tratados assim por você e se você fizer uma gentileza a alguém com certeza quando surgir uma oportunidade este alguém irá te retribuir como agradecimento, mas haja post-it para lembrar isso todos os dias, mas definitivamente vale o esforço.

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